Mentalidade empreendedora é apenas do “empreendedor”?

Já deve ter ouvido falar do tal do “mindset empreendedor”, aliás, deve ouvir falar nisso cada vez com maior frequência, não é? Vamos entender então, alguns porquês da recorrência e da relevância crescentes.

 

Para começar, há uma diferença substancial entre ser proprietário de uma empresa e ser um empreendedor. Existem milhões de empresários, donos de negócio, em todo o mundo. Entretanto há muito menos empreendedores.

 

Por quê?

 

Ser um empreendedor requer uma certa mentalidade. Mentalidade (ou mindset) que impulsa para um certo tipo de ação. Uma ação, retroalimentada de aprendizados dos mais diversos. Isto é, o que para muitos significa “erro” para o empreendedor é um novo conhecimento que irá retroalimentá-lo no que vier a seguir. O resultado vira um “ativo”, que ele capitaliza para otimizar, masterizar, as ações seguintes.

 

Falar em mindset ou mentalidade, não deve ser reduzido apenas ao domínio do mental. Longe de ser um evento exclusivamente do pensamento, o mindset empreendedor, reflete diretamente na ação. Manifesta-se na “lente” através da qual são apreciados os fenômenos, fatos decorrentes das decisões tomadas. Pulsa na direção e intensidade dadas às ações subsequentes. Um estado mental ou mindset que reproduz na prática um estado interior para lá de singular.

 

E porque será que se fala e se estuda tanto o mindset empreendedor?

 

Pois é, dando uma olhada na dinâmica atual do mundo. O mundo sim, no sentido mais amplo: economia, negócios, clima, sociedade, costumes, gerações, comunicações, ciência, tecnologia. Uma olhada cuidadosa e curiosa (de verdade!) ao nosso redor, revela mudanças, velocidade, vertigem. Verdades contrárias sobre os temas mais simples e os mais complexos, colidem. A era de informação, e da desinformação, coexistem. Da conectividade plena e da desconexão, também. Tecnologia e retorno ás raízes, tudo acontecendo ao mesmo tempo. A Era do “bem mais”, da qual já falamos aqui, lembra?

 

Com esse contexto em volta (e dentro de nós) não é difícil entender por que, uma mentalidade empreendedora é tão poderosa nos negócios, nos dias de hoje e claro, daqui para frente.

 

Quais são então as caraterísticas dessa mentalidade empreendedora que hoje mais do que nunca é preciso praticar? Os atributos que vem a seguir, não pertencem à esfera de ação apenas do “dono da empresa”. Qualquer individuo, dono ou não, que almejar o sucesso honesto no espaço profissional (e pessoal também) nessa era doida do “bem mais”, precisa considerar estes aspetos na sua prática desde já.

 

A boa notícia é que provavelmente cada um irá se identificar com algum ou vários dos atributos da lista. Tanto quanto os indivíduos precisam, é também no nível da organização que adotar e praticar estas qualidades, cada vez com maior graça e naturalidade, tem se tornado uma questão supervivência. De modo muito simplificado, a mentalidade empreendedora impulsa pessoas e equipes, a masterizar competências em atitudes como:

 

  • FARO POSITIVO: Aprender a reconhecer e capitalizar as oportunidades. Não porque sejam só oportunidades que chovem para eles. Na verdade, praticamente qualquer acontecimento passa por uma espécie de “filtro do faro positivo”. Aí é que fenômenos, mesmo que desafiantes ou problemáticos, tornam-se oportunidade. Uma demissão do emprego, por exemplo, por mais “sem chão” que possa deixar a pessoa, pode servir para revelar um profissional (e uma pessoa) muito melhor, e isto refletir diretamente em seus resultados.
  • ACEITAR O FLUXO: Operar de um lugar de confiança e coragem. Esse lugar interior que Otto Sharmer chama de “inner place”. Um lugar intimamente conectado (com o todo), presente (desde o todo) e sintonizado com o que acontece em volta (para o todo), que permite sentir “sense” o futuro que está querendo emergir. Isso alimenta uma coragem que traz a determinação necessária para superar desafios. Não são poucas as histórias de superação que conhecemos de Brasileiros todos os dias. É disso, também, que estamos falando.
  • PROTOTIPAR SEMPRE: Assumir riscos calculados. Prototipar permite olhar “como é que é?” mesmo, aguçar sentidos para entender “como a banda toca” antes de se embarcar em um risco maior, por exemplo um investimento em equipamentos. Quanto mais incerto o cenário, mais necessário é prototipar, de imediato, sem preciosismo. Um fazer ponderado e certeiro focado no que dá para, o quanto antes, melhorar (e muito!), seguindo em frente.
  • PROPOSITO COMO GUIA: Um propósito (compartilhado e genuíno) faz com que a pessoa (ou equipe) mantenha sempre paixão e entusiasmo pelo trabalho que está sendo executado. Há, problemas? Claro que há, sempre. Há solução? Muitas vezes, porém também há também “sacadas” impensadas, potenciais fonte de virada. Eis o que um propósito como guia pode provocar!
  • ENGAJADO – ENGAJAR: Conecte-se e lidere pessoas que possam ajudar sua empresa a evoluir com prosperidade. A pessoa engajada de verdade contagia. Atitudes, falas, movimentos, ações concretas, evidenciam que há verdade na jornada, mesmo que desafiadora, há verdade. Propósito espalhado, engaja quem faz, e também os que estão em volta, quando “tocados” pelo mesmo.
  • APRECIAÇÃO: Aprender e aproveitar os “erros”. Lembrando sempre que “erro” depende da expetativa do observador. Expectativas elevadas não cumpridas podem configurar em “erro” para uma mentalidade não empreendedora. Para quem cultivar estes atributos, o mesmo fenômeno, é fonte de novidade e aprendizado para ser capitalizado. Um ativo! Por isso apreciação, observação dos fatos com viés positivo.
  • TRANSCENDER: Consequência natural da incorporação e prática das atitudes mencionadas acima, é o fato de sistematicamente contagiar, causando impacto no público e consequentemente, no mundo. É deixar uma pegada da boa, transformar outras pessoas ou contextos, sempre para melhor.

Como vemos, estes atributos não dependem tanto de formação ou títulos como de convicção e prática. Um repertório amplo e diverso, é sempre importante entretanto, é a prática incansável, que faz o empreendedor, articular esse mindset o tempo todo. Para evoluir nesse processo, há mentorias, coaching, consultorias com modelos dos mais diversos para atender à necessidade imperiosa de estimular ou adquirir, as habilidades descritas. A facilitação com seu formato dinâmico, acompanha e se adapta à singularidade de cada indivíduo, liderança equipe ou projeto. Temos explorado o assunto facilitação aqui.

Entender as qualidades que descrevem o mindset empreendedor, já é um começo. Compreender a importância fundamental para o negócio, é um passo bem mais na frente. O que interessa é identificar o serviço que melhor responder às necessidades do individuo ou organização e, sem desespero, porém com foco implacável, fazer questão de avançar na rota certeira para lapidar uma a uma as qualidades que o presente, e sem dúvida o futuro, nos chamam a dominar.

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