“O problema em nossas organizações, não é a falta de ideias disruptivas – temos muitas delas. O verdadeiro problema é que, se você tentar inovações disruptivas dentro de uma organização tradicional (ou instituição), o sistema imunológico corporativo irá atacar e você passará todo o tempo lutando contra os anticorpos” escreveu o guru Salim Ismail* no seu livro “Exo Sprint – Exponential Transformation”.
Quem já passou por alguma experiência de gestão da inovação empresarial sabe que, si a ideia apresentada for nova demais ou possuir diversas arestas desconhecidas, a reação da organização será provavelmente de pânico e de possível rejeição.
A intensidade de tal resposta, pode variar, desde paralisia a férrea oposição. As reações de febre, inflamação ou alergia conhecidas em organismos vivos, ganham analogia metafórica no universo empresarial ou institucional como negativismo, falta de adesão à ideia, conchavos anti-novo que não permitem o projeto prosperar.
A prática profissional tem me dado a chance de interagir com diversas manifestações de “anticorpos sistêmicos” evidentes em maior ou menor grau. Experiências dessas, tendem a ser frequentes na vida do facilitador de projetos da inovação. Aliás, o sucesso da intervenção facilitadora é justamente sentir para identificar e contornar estes acontecimentos com graça e naturalidade. Não foram poucas as vezes que precisei adaptar os conteúdos em uma apresentação ou a dinâmica de uma sessão para acolher estados emergentes no campo.
A caixa de ferramentas de um bom facilitador é vasta. A escolha de uma ou outra depende de variáveis internas ao grupo como o grau de ineditismo da ideia ou projeto sendo trabalhado, ou a motivação intrínseca dos indivíduos; ou de questões externas, como o contexto da época ou o âmbito ao que a ideia pertence, etc.
Existe uma certeza: se os anticorpos não se ativarem ou a reação “inflamatória” passar despercebida, estamos perante duas situações possíveis; a ideia é pouco inovadora ou o sistema atingiu um ponto de maturidade tal que está preparado para acolhê-la e lapidá-la agindo no modo generativo.
Para a organização atingir esse estado de abertura inovadora, é preciso, entre outras coisas, praticar uma “ginástica” progressiva, conjunta e determinada. Práticas fundadas na leitura de campo e voltadas para a iteração generativa, assunto que aprofundamos no próximo post, podem acelerar a chegada a esse estado. Entretanto, compete à liderança mergulhar, junto com a equipe, na aceitação de se transformar, enquanto o potencial de intervenção inovadora da organização vai sendo, no processo, revelado.
* Salim Ismail empreendedor serial canadense, investidor anjo, autor, orador y estrategista de tecnologia, Diretor executivo e fundador da Singularity Unversiry eautor principal do livro [recomendo muito! ] Organizações Exponenciais.