Bem-vindo à Era do “bem mais”

Contextos dinâmicos sempre houve. Desde a descoberta do fogo, tecnologias tem revolucionado a presença humana (é não só) na Terra. Os contextos foram sempre dinâmicos, qual a novidade? Pois é, só que nos dias de hoje, tudo é “bem mais”. Mudanças e avanços tecnológicos são bem mais frequentes, impactos são bem mais intensos, bem mais abrangentes, bem mais capilares; respostas sistêmicas aos impactos, são bem mais imprevisíveis, e por aí vai. Sinuosidade pulsante que pede permanentemente transformação interna (adaptação às mudanças) para poder transformar (aquelas qualidades do contexto em volta que doem ou tem chance machucar alguém ou muitos alguéns). E nós, “bem menos” responsivos, pelo menos à altura da velocidade. Falta de ideias, ferramentas, recursos ou simplesmente, energia?

Vemos então “bem mais” as organizações, empresas, equipes pressas entre pegajosas rédeas, cientes que é para “fazer alguma coisa diferente “e, no entanto, se perguntando, o que? Para muitos já caiu a ficha de que aquele contexto conhecido (dinâmico “pero no mucho”) já era e que esse aqui é móvel e “bem mais” alguma coisa que custa explicar. Perguntas como: De que maneiras, pensar? Quais atividades priorizar? Com quais pessoas contar? Que competências adquirir ou quais privilegiar? Chegam de gente exausta, pessoas cheias de histórias de tentativa e sucesso. Antenadas, curiosas, porém, muitas vezes, cansadas. Porque já fizeram e atingiram muito. Entretanto, muito do que conseguiram foi pensando e fazendo, sem muita frescura, na raça. Hoje, pensar e fazer nos moldes e nos parâmetros que entendemos por “chão”, dificilmente responde às nuances a Era do “bem mais”… No fundo, percebem que, agir no presente tem consequências mediatas e imediatas e que, por sua vez, elas voltam de algum modo, se previsão de tempos, respostas, impactos.

Por aqui, acreditamos que há resposta para essas perguntas. Que as mesmas envolvem processo e necessariamente transformação. Que o processo segue muito mais propósito e intenção, do que mapas. Que as equipes, organizações ou, genericamente os “sistemas”; supõem, antes de mais nada, uma lógica “eco” que precisa ser revelada. Por isso chamamos os coletivos humanos em questão de “ecossistemas”. Acreditamos que processos desse tipo, precisam ser facilitados. Facilitação generativa é como aspiramos a cada dia, lapidar o nosso fazer. A premissa é, mudanças profundas acontecem desde o sistema que, transformado, consegue transformar.

Em interpretação própria da arte generativa por exemplo, a obra vai sendo revelada enquanto uma estética emerge e surpreende. Novos formatos, produto da evolução se apresentam tanto sem previsão quanto, na mesma medida, cativantes. Se a linguagem da dança servir para esclarecer, há uma metáfora coreográfica para o estado generativo bem aqui.

Otto Scharmer chama de “generativo” ao nível de escuta objetivado pelo processo em U. Voltado ao futuro que quer emergir, esse estado de escuta, pressupõe criatividade coletiva e ação a partir da conexão com uma fonte mais profunda e sistêmica de sabedoria e criatividade. Nesse nível, mente, coração e vontade encontram-se conectadas com as potencias e as possibilidades emergentes em um fluxo poderoso de cocriação plástico, inaccessível desde outros estados.

O coaching generativo é outro exemplo que pode ajudar a compreender o que aspiramos produzir com a nossa prática de facilitação.  Aborda crenças tanto como recurso (potencialidade), como limitação (bloqueios). Objetiva atingir o “sonho”. Busca encostar também nas estruturas mais profundas ocultas para a consciência, integrando o ser humano de modo mais orgânico e sistêmico. Conecta com que Otto Sharmer batizou de “presensing”. Um estado profundo de presencia, clara consciência do contexto real, integrado ao sentir do futuro que quer emergir “sensing”. Vórtice de criatividade coletiva em que o sistema ganha capacidade de “cristalizar” no agora, as suas melhores possibilidades futuras.

Emulando as dinâmicas da natureza, que supõem interatividade, aleatoriedade e iteração, a facilitação generativa apoia a transformação do sistema enquanto o seu propósito vai se revelando e, desde esse novo lugar, o sistema, vai se tornando transformador.

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